Sei perfeitamente que, pelos critérios de relevância jornalística, esta crónica deveria versar sobre a pré-época dos clubes de futebol. Não versa. O “Discurso Directo” não gostará certamente que eu diga isto mas se o leitor esperava que o texto versasse sobre a pré-temporada, talvez o melhor seja deixar de o ler agora. Há outras coisas boas para ler neste jornal.
Nunca gostei das pré-temporadas. Nem dos defesos, nem das mil e uma pseudo-contratações de que se fala sempre (e que depois só dão em meia dúzia delas, na verdade)… Enfim… com o mau futebol que se pratica em Julho e Agosto a “ajudar à festa”, acho mesmo que há coisas mais importantes sobre que falar nesta altura.
Os Jogos Olímpicos começam hoje. No meio das polémicas inerentes a uma escolha extremamente dúbia feita pelo Comité Olímpico Internacional na atribuição da organização do evento à China – “exemplo” de liberdade e respeito pelos Direitos Humanos (deve ter sido pela “familiaridade” da designação “Comité”) –, penso haver algo muito mais relevante a destacar.
Lá, vai competir uma larga comitiva de atletas portugueses (80) que pouca gente conhece em Portugal, que não ganham balúrdios e que são grandes desportistas… sempre, mesmo quando injustamente são apontados como fracos, ao não conseguirem medalhas. Chegar a um pódio de apenas três lugares, sozinho, é uma verdadeira proeza. Questiono-me sempre por que raio praticamente só se idolatra jogadores de futebol (que nem semopre jogam bem e sozinhos nunca serão ninguém) e os atletas olímpicos só lhes chegam aos “calcanhares” quando ganham o ouro (e isso nem sempre é garantido).
Arrisco ainda a “roer” mais esta “corda” e a destacar outros excelentes atletas que vão competir em Pequim. Depois dos Olímpicos, entra em acção a Missão Portuguesa aos Jogos Paralímpicos. São 33 super-atletas que superam as duríssimas adversidades que a vida lhes criou e ainda ganham medalhas para Portugal, com um sorriso no rosto, mesmo que esses (garantidamente) ninguém os reconheça na rua por cá. Sabia que nas últimas seis edições dos Jogos Paralímpicos foram conquistadas 81 medalhas para Portugal, 25 delas de ouro?
Perante isto, por que razão deveria a crónica versar sobre a pré-época da bola… se não se passa nada de realmente importante?
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* Crónica publicada simultaneamente, a 8 de Agosto de 2008, no jornal
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