* o meu singelo contributo olímpico
Como jornalista desportivo, tenho, obviamente, seguido os Jogos Olímpicos de Pequim. Como português, tenho, obviamente, seguido os Jogos Olímpicos de Pequim com alguma preocupação.
Com uma semana de provas, ainda não há medalhas conquistadas para o pecúlio nacional, o que está a deixar o país meio com os nervos em franja. No fundo, parece-me que Portugal desespera por que alguma coisa de bom lhe aconteça muito em breve.
No entanto, e pegando por aí no assunto, com a situação econónima e social que o país atravessa, está cada vez mais claro que neste momento pouca coisa nos poderia alegrar tanto quanto um bom êxitozinho desportivo; só para nos esquecermos da crise que paira sobre as nossas cabeças. Mas falhámos no Euro2004, falhámos no Mundial2006, falhámos no Euro2008 e, vendo que no futebol não nos safamos, virámo-nos todos para os atletas olímpicos, a quem nunca damos grande cavaco, mas a quem agora exigimos que façam sozinhos o que 23 caramelos extremamente bem pagos insistem em não conseguir. Acho inteiramente justo que se exija "mundos e fundos" a esses tipos cuja função é, claramente, carregar Portugal às costas e ganhar medalhinhas para que nos sintamos todos muito melhores do que aquilo que somos e isso sirva de argumento para nos candidatarmos a organizar mais dois Campeonatos da Europa... de futebol, um Campeonato do Mundo (idem), umas quantas cimeiras internacionais, uma exposição universal e, já agora, contunarmos a cosntruir a mais alta árvore de natal da Europa (cada vez mais alta, claro) e a bater recordes do Guiness de tudo e mais alguma coisa, principalmente se forem de cenas de comida.
Mas com o ritmo que a coisa leva, desconfio que haverá fortes possibilidades do país continuar a chorar aí pelos cantos, sem razões para sorrir.
Agora, assim de repente, que o atletismo olímpico já começou, podemos pensar que a nossa salvação possa passar por Obikwelu, Nelson Évora e Naide Gomes. Curiosamente, três "filhos de outras nações" que Portugal adoptou (ou que adoptaram Portugal). No fundo, foram boas "contratações" nossas, que podem render medalhinhas (e falsa sensação de grandeza) ao país.
Um país que, mesmo (aparentemente) sem grande guito para gastar, conseguiu contratar um treinador que tinha acabado de se sagrar Campeão do Mundo de futebol (e que por nós não ganhou nada), também podia "atalhar" e assegurar desta forma a conquista de medalhas, se isso faz feliz tanta gente. Contratávamos o Michael Phelps e o assunto resolvia-se. Claro que isso exigiria um esforço financeiro considerável mas... que raio... na "hora h" dinheiro nunca é problema, vá lá saber-se como...
Se o investimento se justificaria? Julgo que sim. Se Phelps (só ele) fosse um país, já teria ganho mais medalhas (6) nestes Jogos Olímpicos do que Turquia, Brasil, Argentina, Dinamarca, Espanha, Suíça, Suécia... e estaria muito perto da Grã-Bretanha, mesmo que já leve 3 medalhas de ouro de vantagem sobre os súbditos da Isabel II.
Talvez não fosse mau pensar em escrevinhar um contratozito e apresentá-lo ao nadador (para já ainda) americano. Em Londres 2012 já não pensaríamos tanto na crise.
Sem comentários:
Enviar um comentário