... com o que se está a passar em Pequim. Sério. Mais do que me incomodar o facto de ainda não termos ganho nada e que os nossos atletas estejam (exagerando na imagem) a "cair que nem tordos" aos pés dos outros, incomoda-me sobremaneira o que tenho lido nos jornais, ouvido nas rádios e visto nas televisões.
Ao passar os olhos por um jornal desportivo de hoje, leio palavras como «tristeza», «morrer», «de rastos», «paguei a factura», «perdeu sem espírito olímpico», «afastado», «eliminado»... e isto só nos títulos relacionados com os portugueses. Ontem, numa televisão, ouvi Venceslau Fernandes (pai de Vanessa) a admitir que o pé esquerdo com que os nossos atletas começaram os Jogos está a afectar a confiança da filha e, voltando aos jornais, reparo que Sérgio Paulinho abdicou da prova de Ciclismo de estrada (de um dia) devido a um problema de saúde mas, dois ou três dias depois da "desistência", arrancou pela sua equipa para uma prova por etapas de preparação para a Volta a Espanha (de três semanas). Pronto... lá se foi a defesa de uma medalha de prata conquistada em Atenas.
Ainda no mesmo jornal (tal é profusa a dose de informação relacionada com os JO), leio com pena que Telma Monteiro se terá queixado da arbitragem (juro que acredito que não terá sido intenção da fantástica judoca desculpar-se com isso, mas não deixo de ter pena que seja mencionado na mesma, após a derrota) e que Pedro Dias, outro judoca afastado pela luta por medalhas "denunciou" uma alegada diferença de condições dadas a Telma em relação às dadas aos outros judocas nacionais. Algo como «contar os trocos para pagar as contas ao fim do mês é complicado» foi dito... e isso é ainda mais lamentável.
Em todos os JO há pelo menos um caso destes, de atletas que aproveitam (não quero opinar se bem ou mal) o facto de os jornalistas portugueses quererem saber como correu a sua prova para se queixarem da falta de condições, apesar de só o fazerem após as próprias derrotas. Em tempos falou-se de sapatos de corrida remendados ou de correr descalço, por exemplo.
Conheço e compreendo as dificuldades de quem treina todos os dias por um objectivo (eu próprio fui atleta de competição). Mas não será tempo de o Comité Olímpico Português acautelar essas situações (financeiramente ou com precisas instruções acerca do contacto com os media) antes que venham a terreiro... sempre no rescaldo dos desaires? É que Portugal não gosta de ouvir isso (e eu penso que tem razões para não gostar).
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