Simon Vukcevic é um futebolista peculiar. O montenegrino de 22 anos é diferente de tudo o que até agora se viu no futebol português. Disso não restem dúvidas.
Ao chegar a Portugal foi, desde logo, salientado o seu cinturão negro (1º Dan – confesso que não sei o que isso significa ao certo) em karaté, quando por cá o usual é sonhar-se ser (só) futebolista, logo desde pequenino. Simon diz que é futebolista quase por acaso, até porque gostava mais de ser karateca, uma “heresia” que qualquer adepto da bola perdoa rapidamente, logo que vê o médio (ultimamente, também avançado) em acção. Não dá bolas por perdidas, joga, faz jogar, movimenta todo o jogo, puxa pelo público, berra, corre, marca golos e festeja-os sempre em primeiro lugar com o público no estádio e só depois com os colegas.
Pena é que, desde Basileia, o jogador se veja (literalmente) a braços com uma deslocação do ombro que, inclusivamente, proporcionou uma das mais impressionantes imagens vistas no futebol português, com Vukcevic a tentar, sozinho, recolocar o ombro “no lugar”. Sem médico, sem nada, apenas dor crua superada por uma vontade imensa de continuar em campo. Doloroso de ver, impossível de não se admirar e/ou de se pensar que há ali uma razoável dose de “demência”.
Sim… dele se diz que tem uma certa “pancada” (e eu até concordo) mas, afinal, de génios e de loucos todos temos um pouco, não é? Em relação a Vukcevic, a minha opinião é que se a “pancada” que lhe reconhecem é também sinónimo de garra e espectáculo no futebol que consumimos, então… está bem! Os adeptos do futebol até agradecem a “loucura”.