25/02/09
26/10/08
E agora, Professor, de que falamos?
Fez-me confusão ouvir Jesualdo dizer (embora tenha compreendido de alguma forma que o tenha feito) que, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo FC Porto - Leixões, não queria falar rigorosamente nada acerca do encontro anterior, da Liga dos Campeões, com o Dinamo de Kiev, em que os dragões sairam derrotados em casa por 0-1. Fez-me confusão porque sentia-se perfeitamente o desconforto do treinador em relação ao assunto. Na minha opinião, não há que temer qualquer assunto e abordar tudo com frontalidade. Sim... o facto de ser jornalista torna-me suspeito nesta opinião, visto que quando os treinadores falam abertamente sobre todos os jogos (anteriores e futuros) eu tenho mais matéria-prima para o meu trabalho; e isso é positivo. Jesualdo não quis falar disso e quis falar apenas da liderança do campeonato e do jogo com o Leixões. Foi isso que fez.
No final da partida com a equipa de Matosinhos - em que o FC Porto averbou a segunda derrota consecutiva em casa (2-3) - Jesualdo Ferreira entrou na conferência de imprensa fez uma declaração, levantou-se e foi-se embora, não respondendo a qualquer questão dos jornalistas. Presumo que também não quisesse falar (mais) do encontro com o Leixões. Ou seja, a política do professor parece mesmo ser não falar dos jogos passados... mesmo que só estejam passados alguns minutos do apito final e ainda nem se tenha saído do estádio.
De que falaremos, então, Professor, nas conferêncais de imprensa? Só do que quer? Talvez seja incorrecto fazê-lo mas posso lembrar-lhe que as perguntas que fazemos representam as perguntas que os adeptos do futebol fariam, se pudessem, e que as respostas que dá são a informação que chega aos mesmos interessados nas notícias relacionadas com o desporto em geral e o futebol em particular, que nem sempre quere saber só o que pensa do próximo jogo que o FC Porto fará.
15/10/08
«Pena o "Cartão de Sócio" ser o BI...»
Deve ser isto que pensam, neste momento, milhões de "sócios" da Selecção (os verdadeiros, não aqueles que têm aquele pseudo-cartão-de-crédito que surgiu mesmo antes do Euro). É que, se somos "sócios" deste "clube" só por sermos portugueses (e até fazemos por ter as "quotas" em dia, apesar da crise vigente)... a verdade é que não dá jeito nenhum rasgar o cartão em dois, como se fazia dantes. Ficar sem o B.I. é uma carga de trabalhos.
03/10/08
Uma questão de distâncias*
No passado fim-de-semana fiz pela primeira vez o trajecto a pé entre o Estádio de Alvalade e o Estádio da Luz. São cerca de três quilómetros. Tendo em conta que os fiz na companhia três claques ditas “organizadas”, foram aquilo que se pode chamar de um “belo passeio de sábado à tarde”. Não aconteceu nada de especial, a não ser uns arrufos (habituais nestas coisas) entre adeptos contrários pelo caminho e à chegada. Ainda assim, esses 3km e o espectáculo do futebol passavam bem sem esse outro espectáculo que é o do ódio inexplicável, aparentemente motivado por um simples jogo com uma bola de couro e 11 jogadores de cada lado.
Ora, no sábado, Benfica e Sporting encontraram-se pela enésima vez, o que quer dizer que não houve qualquer distância entre eles… Mentira! Houve. Pelo menos em golos, houve. Mas não só.
No Sporting, acima de tudo, pereceu haver uma distância considerável entre o «peito aberto» proclamado por Paulo Bento na antevisão ao jogo para motivar a equipa e o que, de facto, se passou em campo. Os leões não foram uma má equipa mas, a espaços, como que se encolheram o suficiente para que o Benfica chegasse sempre com mais perigo à baliza de Rui Patrício do que os seus avançados chegavam à de Quim.
O que se viu foi que o discurso motivacional de Paulo Bento acabou por não resultar… no sentido que queria. Mas resultou noutro. Motivou… os jogadores adversários.
Nisto, Quique Flores foi exemplar. Falou depois de Bento e teve a hipótese de ripostar. À questão de o treinador do Sporting nunca ter perdido na Luz (que o levava a rumar ao dérbi de «peito aberto»), o técnico encarnado respondeu dizendo que preferia o caminho da humildade e que as estatísticas existiam para serem contrariadas. No final do jogo, o discurso dos jogadores do Benfica passava todo por aí, dando conta da primeira derrota do treinador verde e branco na Luz e do romper com aquela estatística em particular.
Contas feitas, a distância pontual entre Sporting (até ali vitorioso) e Benfica (que ainda não tinha convencido) diminuiu de quatro para um ponto. O Porto também aproveitou para se aproximar e, quando o dragão for a Alvalade, ver-se-á se a primeira derrota dos leões no campeonato não degenera também na segunda.
No final do jogo de sábado, questionado sobre isso, Paulo Bento disse que ainda havia uma distância de oito dias até esse clássico. Mas essa distância também diminuiu. Faltam agora dois dias.
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* Crónica publicada simultaneamente, a 3 de Outubro de 2008, no jornal
14/09/08
10/09/08
Godt Spillet af Fodbold*
* Grande Jogo de Futebol
P.S.: Antes do jogo, o seleccionador dinamarquês disse que Portugal tem uma excelente equipa e que no Euro 2008 só tinha perdido com a Alemanha por culpa própria. Curiosamente, pode dizer exactamente o mesmo acerca deste jogo também. Já Carlos Queiroz, no flash interview da TVI, disse que estes 3 pontos perdidos têm de ser recuperados precisamente na Dinamarca. Só podia ter dito isso, de facto; já que, neste tipo de competições, resultados negativos em casa - mesmo que logo no início da qualificação - fazem uma diferença abismal nas contas finais dos grupos. E, diga-se de passagem, passamos todos bem sem a calculadora, se for possível.
Era assim, em bom Português, que queria ter titulado este post. Mas desconfio que a frase deve ter sido bem mais dita pelos adeptos escandinavos que, ao fim dos noventa e poucos minutos de jogo entre Portugal e Dinamarca de certeza não contavam fazer a festa... mas fizeram.
foto: www.uefa.com
P.S.: Antes do jogo, o seleccionador dinamarquês disse que Portugal tem uma excelente equipa e que no Euro 2008 só tinha perdido com a Alemanha por culpa própria. Curiosamente, pode dizer exactamente o mesmo acerca deste jogo também. Já Carlos Queiroz, no flash interview da TVI, disse que estes 3 pontos perdidos têm de ser recuperados precisamente na Dinamarca. Só podia ter dito isso, de facto; já que, neste tipo de competições, resultados negativos em casa - mesmo que logo no início da qualificação - fazem uma diferença abismal nas contas finais dos grupos. E, diga-se de passagem, passamos todos bem sem a calculadora, se for possível.
09/09/08
Riade,... nunca mais!
(...infelizmente...)
Lembro-me que no dia 3 de Março de 1989, a meio da tarde, comecei a ouvir um relato de futebol... na Sala 12... tanto quanto possível sem que a minha professora de História se apercebesse. Tinha 13 anos. Com frequência fazia muita coisa que não devia durante as aulas (de História e das outras disciplinas). Ainda assim, nunca me tinha dado para ouvir rádio na sala de aula mas disseram-me que o jogo valia um título mundial...! Mesmo não conhecendo ninguém que fizesse parte daquela selecção portuguesa, decidi correr o risco, até ao próximo intervalo. Minutos depois do apito inicial, olhei em volta e percebi que afinal não era o único - havia mais gente de auscultadores discretamente enfiados nos ouvidos, a seguir as incidências da partida. Nesse dia, Portugal derrotou a Nigéria por 2-0, numa cidade distante chamada Riade, na Arábia Saudita, com golos de um Abel (que veio depois a ser também Silva - mas nunca foi uma grande referência) e de um Jorge Couto (que jogou no FCPorto e no Boavista). Lembro-me que lá na Secundária a malta festejou efusivamente, mesmo não sabendo bem que título era aquele - aos 13 anos, naquela altura, numa pequena vila do distrito de Coimbra, nem eu nem os meus colegas conhecíamos Abéis, Coutos, Bizarros, Pintos, ToZés... nem sequer Carlos Queiroz. Portugal tinha ganho pela primeira vez um título mundial de futebol e isso, só por si, era razão para o regozijo.
No entanto, a partir desse dia 3 de Março de 89, tudo mudou.
Dos jogadores utilizados nessa final (Bizarro, Abel, Morgado, Jorge Couto, ToZé, Hélio, Paulo Madeira, Filipe, João Pinto, Valido, Amaral, Paulo Alves e Folha) poucos chegaram a ser verdadeiras estrelas como alguns que vieram a surgir depois disso (alguns desses atletas também Campeões do Mundo Sub-20 em Lisboa, em 1991). Mas o facto é que desde 3/3/1989 Portugal se tornou ("oficialmente") num "viveiro" de grandes talentos. Figo, Rui Costa e Baía foram exemplos de como a Europa se rendeu (de bolsas de cordões abertos) ao potencial lusitano; mais recentemente, Cristiano Ronaldo, Nani, Simão, Quaresma, Maniche, Danny (e tantos outros) são o exemplo de que essa rendição continua. Mas agora é tudo diferente.
Em 89 ninguém sabia quem eram os "Heróis de Riade". Em 2008, toda a gente sabe quem são os... bom... "heróis das tranferências milionárias", muito embora nos seus currículos não figure qualquer título mundial (título europeu, talvez... mas mundial... não). É por isso que eu não entendo a prestação da selecção Sub-21 no apuramento (falhado) para o Europeu da Suécia em 2009. Falhar pode acontecer, eu sei, mas (não) jogar como se viu... sendo estes jogadores as referências que (já) são a nível europeu... é inadmissível.
Tenho pena que o "anonimato" de 89 nunca mais se repita. Penso nisso sempre que vou à FPF e vejo o Diploma de 1º Classificado do Campeonato do Mundo de Riade exposto na vitrine interior da sede federativa. Nessa altura, ser-se desconhecido foi um elemento motivador, acredito, para qualquer um dos eleitos de Queiroz ao Mundial da Arábia Saudita.
Hoje em dia, a "motivação" parece ser a ascenção rápida (meteórica, se possível) à selecção AA ou a um grande clube europeu, sendo que as fases de apuramento e fases finais de Europeus de Esperanças só parecem atrapalhar quem ambiciona ardentemente essa ascenção (essa, sim, parece ser realmente importante e não o resto). Portugal falha a ida ao Euro de Sub-21, após quatro presenças consecutivas no torneio. Em 2004, Portugal ficou em 3º lugar mas em 2002 e nas duas últimas edições (2006 e 2007), a equipa falhou a passagem da fase de grupos para a segunda fase. No ano passado, na Holanda, falhou-se também, em simultâneo, o apuramento para os Jogos Olímpicos e em 2006 a participação no Euro (com a agravante de ser organizado por Portugal) foi desastrosa. O mesmo aconteceu nos Jogos Olímpicos dois anos antes, em Atenas, mesmo estando a selecção cheia de "craques" (Moreira, Fernando Meira, Jorge Ribeiro, Bruno Alves, Carlos Martins, Raúl Meireles, Bosingwa, Tiago, Hugo Viana, Hélder Postiga, Luis Boa Morte, Cristiano Ronaldo, Danny, entre outros). Dá que pensar, não dá?
Desta vez, então, o verão (de 2009) fica livre para alguns dos jogadores que até hoje constituiam a Selecção Portuguesa de Sub-21 agora se concentrarem unicamente no seu futuro e não com o facto de estar numa grande competição em Junho (quando mercado começa a fervilhar). E, até lá, Carlos Queiroz pode sempre fazê-los ascender, de facto, a selecção AA. Por essa altura, no entanto, nenhum deles será "anónimo", como os Abéis, Coutos, Bizarros, Amarais, Pintos e ToZés de 89. Vinte anos passaram e a fama conseguida através do pioneirismo destes "Heróis de Riade", que têm um diploma da FIFA em casa, acabou por só beneficiar os outros que vieram a seguir, que todos os miúdos de 13 anos já conhecem (e também admiram, copiam e sonham ser) e que fazem vibrar (ou assim julgam eles) o mercado europeu todos os defesos, mas a quem a FIFA nunca teve motivos para "diplomar".
06/09/08
Podemos viver sem um "Clássico"?*
Por favor, não responda já. Pode ser que concorde ou discorde da minha opinião. Ainda assim, pode responder de imediato, se quiser, claro.
Eu penso que não. Não podemos viver sem aquilo a que normalmente se chama de “Clássicos”.
Esta semana tivemos o primeiro… da Liga. Já tínhamos tido um na SuperTaça… e ainda outro na pré-época (no Torneio do Guadiana). Já estamos de barriga cheia quanto a “Clássicos”?... Não. Só à conta de Porto, Sporting e Benfica teremos mais dois na 1ª volta do campeonato, mais três na 2ª e mais um número indeterminado deles (pode ir de zero até… não faço ideia) se os grandes se encontrarem na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Isto, caso não se encontrem também – que raio… mais vale pensar logo em grande! – nas competições europeias.
Aí, já teremos a barriguinha cheia?... Não!
A “fome” de emoção na bola é tal (na nossa muitas vezes pobre realidade futebolística) que a definição de “Clássico” é cada vez mais alargada e, por isso, atribuída a mais jogos, mesmo que não tenham, à partida, “estatuto” de “Clássico”.
Esta semana, logo após o Benfica – Porto, ouvi que na segunda-feira Braga e Sporting jogavam mais um “Clássico”. É certo que arsenalistas e leões já andam pela primeira desde “sempre”, mas será que isso confere ao jogo o tal epíteto?
Isto acontece também (mais, ultimamente) com jogos em que intervenham clubes como Vitória de Setúbal, Belenenses, Vitória de Guimarães, Boavista (mesmo estando na segunda, pode jogar “Clássicos” na Taça), Académica,… ou até Barreirense ou Atlético. Por exemplo, chamar “Clássico” a um Guimarães – Setúbal (sem desprimor para qualquer um dos clubes), como ouvi na antevisão à partida inaugural da Liga, perece-me forçado e denota que se tenta mascarar a recorrente pobreza dos espectáculos com “rótulos” que induzam expectativa no público.
E quando “Clássico” não serve, há-de servir “Derby” (Paços de Ferreira – Trofense, “derby do Douro Litoral”… Enfim…), “Tira-Teimas” (na 2ª volta, o FCP – SLB vai acumular “Clássico” com “Tira-Teimas”, devido ao empate de há dias), ou outra qualquer expressão que faça com que o adepto já vá para o estádio com os nervos em franja. Depois não admira que haja diabos de barba a entrarem em campo para bater nos árbitros. Quando era miúdo, lembro-me disso no “derby” lá da minha zona, o Sourense – Norte e Soure (que, na altura, também era um “clássico” das Distritais). Era cá uma pilha de nervos!… e os bandeirinhas bem o sabiam.
Eu penso que não. Não podemos viver sem aquilo a que normalmente se chama de “Clássicos”.
Esta semana tivemos o primeiro… da Liga. Já tínhamos tido um na SuperTaça… e ainda outro na pré-época (no Torneio do Guadiana). Já estamos de barriga cheia quanto a “Clássicos”?... Não. Só à conta de Porto, Sporting e Benfica teremos mais dois na 1ª volta do campeonato, mais três na 2ª e mais um número indeterminado deles (pode ir de zero até… não faço ideia) se os grandes se encontrarem na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Isto, caso não se encontrem também – que raio… mais vale pensar logo em grande! – nas competições europeias.
Aí, já teremos a barriguinha cheia?... Não!
A “fome” de emoção na bola é tal (na nossa muitas vezes pobre realidade futebolística) que a definição de “Clássico” é cada vez mais alargada e, por isso, atribuída a mais jogos, mesmo que não tenham, à partida, “estatuto” de “Clássico”.
Esta semana, logo após o Benfica – Porto, ouvi que na segunda-feira Braga e Sporting jogavam mais um “Clássico”. É certo que arsenalistas e leões já andam pela primeira desde “sempre”, mas será que isso confere ao jogo o tal epíteto?
Isto acontece também (mais, ultimamente) com jogos em que intervenham clubes como Vitória de Setúbal, Belenenses, Vitória de Guimarães, Boavista (mesmo estando na segunda, pode jogar “Clássicos” na Taça), Académica,… ou até Barreirense ou Atlético. Por exemplo, chamar “Clássico” a um Guimarães – Setúbal (sem desprimor para qualquer um dos clubes), como ouvi na antevisão à partida inaugural da Liga, perece-me forçado e denota que se tenta mascarar a recorrente pobreza dos espectáculos com “rótulos” que induzam expectativa no público.
E quando “Clássico” não serve, há-de servir “Derby” (Paços de Ferreira – Trofense, “derby do Douro Litoral”… Enfim…), “Tira-Teimas” (na 2ª volta, o FCP – SLB vai acumular “Clássico” com “Tira-Teimas”, devido ao empate de há dias), ou outra qualquer expressão que faça com que o adepto já vá para o estádio com os nervos em franja. Depois não admira que haja diabos de barba a entrarem em campo para bater nos árbitros. Quando era miúdo, lembro-me disso no “derby” lá da minha zona, o Sourense – Norte e Soure (que, na altura, também era um “clássico” das Distritais). Era cá uma pilha de nervos!… e os bandeirinhas bem o sabiam.
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* Crónica publicada simultaneamente, a 5 de Setembro de 2008, no jornal
28/08/08
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