14/09/08
10/09/08
Godt Spillet af Fodbold*
* Grande Jogo de Futebol
P.S.: Antes do jogo, o seleccionador dinamarquês disse que Portugal tem uma excelente equipa e que no Euro 2008 só tinha perdido com a Alemanha por culpa própria. Curiosamente, pode dizer exactamente o mesmo acerca deste jogo também. Já Carlos Queiroz, no flash interview da TVI, disse que estes 3 pontos perdidos têm de ser recuperados precisamente na Dinamarca. Só podia ter dito isso, de facto; já que, neste tipo de competições, resultados negativos em casa - mesmo que logo no início da qualificação - fazem uma diferença abismal nas contas finais dos grupos. E, diga-se de passagem, passamos todos bem sem a calculadora, se for possível.
Era assim, em bom Português, que queria ter titulado este post. Mas desconfio que a frase deve ter sido bem mais dita pelos adeptos escandinavos que, ao fim dos noventa e poucos minutos de jogo entre Portugal e Dinamarca de certeza não contavam fazer a festa... mas fizeram.
foto: www.uefa.com
P.S.: Antes do jogo, o seleccionador dinamarquês disse que Portugal tem uma excelente equipa e que no Euro 2008 só tinha perdido com a Alemanha por culpa própria. Curiosamente, pode dizer exactamente o mesmo acerca deste jogo também. Já Carlos Queiroz, no flash interview da TVI, disse que estes 3 pontos perdidos têm de ser recuperados precisamente na Dinamarca. Só podia ter dito isso, de facto; já que, neste tipo de competições, resultados negativos em casa - mesmo que logo no início da qualificação - fazem uma diferença abismal nas contas finais dos grupos. E, diga-se de passagem, passamos todos bem sem a calculadora, se for possível.
09/09/08
Riade,... nunca mais!
(...infelizmente...)
Lembro-me que no dia 3 de Março de 1989, a meio da tarde, comecei a ouvir um relato de futebol... na Sala 12... tanto quanto possível sem que a minha professora de História se apercebesse. Tinha 13 anos. Com frequência fazia muita coisa que não devia durante as aulas (de História e das outras disciplinas). Ainda assim, nunca me tinha dado para ouvir rádio na sala de aula mas disseram-me que o jogo valia um título mundial...! Mesmo não conhecendo ninguém que fizesse parte daquela selecção portuguesa, decidi correr o risco, até ao próximo intervalo. Minutos depois do apito inicial, olhei em volta e percebi que afinal não era o único - havia mais gente de auscultadores discretamente enfiados nos ouvidos, a seguir as incidências da partida. Nesse dia, Portugal derrotou a Nigéria por 2-0, numa cidade distante chamada Riade, na Arábia Saudita, com golos de um Abel (que veio depois a ser também Silva - mas nunca foi uma grande referência) e de um Jorge Couto (que jogou no FCPorto e no Boavista). Lembro-me que lá na Secundária a malta festejou efusivamente, mesmo não sabendo bem que título era aquele - aos 13 anos, naquela altura, numa pequena vila do distrito de Coimbra, nem eu nem os meus colegas conhecíamos Abéis, Coutos, Bizarros, Pintos, ToZés... nem sequer Carlos Queiroz. Portugal tinha ganho pela primeira vez um título mundial de futebol e isso, só por si, era razão para o regozijo.
No entanto, a partir desse dia 3 de Março de 89, tudo mudou.
Dos jogadores utilizados nessa final (Bizarro, Abel, Morgado, Jorge Couto, ToZé, Hélio, Paulo Madeira, Filipe, João Pinto, Valido, Amaral, Paulo Alves e Folha) poucos chegaram a ser verdadeiras estrelas como alguns que vieram a surgir depois disso (alguns desses atletas também Campeões do Mundo Sub-20 em Lisboa, em 1991). Mas o facto é que desde 3/3/1989 Portugal se tornou ("oficialmente") num "viveiro" de grandes talentos. Figo, Rui Costa e Baía foram exemplos de como a Europa se rendeu (de bolsas de cordões abertos) ao potencial lusitano; mais recentemente, Cristiano Ronaldo, Nani, Simão, Quaresma, Maniche, Danny (e tantos outros) são o exemplo de que essa rendição continua. Mas agora é tudo diferente.
Em 89 ninguém sabia quem eram os "Heróis de Riade". Em 2008, toda a gente sabe quem são os... bom... "heróis das tranferências milionárias", muito embora nos seus currículos não figure qualquer título mundial (título europeu, talvez... mas mundial... não). É por isso que eu não entendo a prestação da selecção Sub-21 no apuramento (falhado) para o Europeu da Suécia em 2009. Falhar pode acontecer, eu sei, mas (não) jogar como se viu... sendo estes jogadores as referências que (já) são a nível europeu... é inadmissível.
Tenho pena que o "anonimato" de 89 nunca mais se repita. Penso nisso sempre que vou à FPF e vejo o Diploma de 1º Classificado do Campeonato do Mundo de Riade exposto na vitrine interior da sede federativa. Nessa altura, ser-se desconhecido foi um elemento motivador, acredito, para qualquer um dos eleitos de Queiroz ao Mundial da Arábia Saudita.
Hoje em dia, a "motivação" parece ser a ascenção rápida (meteórica, se possível) à selecção AA ou a um grande clube europeu, sendo que as fases de apuramento e fases finais de Europeus de Esperanças só parecem atrapalhar quem ambiciona ardentemente essa ascenção (essa, sim, parece ser realmente importante e não o resto). Portugal falha a ida ao Euro de Sub-21, após quatro presenças consecutivas no torneio. Em 2004, Portugal ficou em 3º lugar mas em 2002 e nas duas últimas edições (2006 e 2007), a equipa falhou a passagem da fase de grupos para a segunda fase. No ano passado, na Holanda, falhou-se também, em simultâneo, o apuramento para os Jogos Olímpicos e em 2006 a participação no Euro (com a agravante de ser organizado por Portugal) foi desastrosa. O mesmo aconteceu nos Jogos Olímpicos dois anos antes, em Atenas, mesmo estando a selecção cheia de "craques" (Moreira, Fernando Meira, Jorge Ribeiro, Bruno Alves, Carlos Martins, Raúl Meireles, Bosingwa, Tiago, Hugo Viana, Hélder Postiga, Luis Boa Morte, Cristiano Ronaldo, Danny, entre outros). Dá que pensar, não dá?
Desta vez, então, o verão (de 2009) fica livre para alguns dos jogadores que até hoje constituiam a Selecção Portuguesa de Sub-21 agora se concentrarem unicamente no seu futuro e não com o facto de estar numa grande competição em Junho (quando mercado começa a fervilhar). E, até lá, Carlos Queiroz pode sempre fazê-los ascender, de facto, a selecção AA. Por essa altura, no entanto, nenhum deles será "anónimo", como os Abéis, Coutos, Bizarros, Amarais, Pintos e ToZés de 89. Vinte anos passaram e a fama conseguida através do pioneirismo destes "Heróis de Riade", que têm um diploma da FIFA em casa, acabou por só beneficiar os outros que vieram a seguir, que todos os miúdos de 13 anos já conhecem (e também admiram, copiam e sonham ser) e que fazem vibrar (ou assim julgam eles) o mercado europeu todos os defesos, mas a quem a FIFA nunca teve motivos para "diplomar".
06/09/08
Podemos viver sem um "Clássico"?*
Por favor, não responda já. Pode ser que concorde ou discorde da minha opinião. Ainda assim, pode responder de imediato, se quiser, claro.
Eu penso que não. Não podemos viver sem aquilo a que normalmente se chama de “Clássicos”.
Esta semana tivemos o primeiro… da Liga. Já tínhamos tido um na SuperTaça… e ainda outro na pré-época (no Torneio do Guadiana). Já estamos de barriga cheia quanto a “Clássicos”?... Não. Só à conta de Porto, Sporting e Benfica teremos mais dois na 1ª volta do campeonato, mais três na 2ª e mais um número indeterminado deles (pode ir de zero até… não faço ideia) se os grandes se encontrarem na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Isto, caso não se encontrem também – que raio… mais vale pensar logo em grande! – nas competições europeias.
Aí, já teremos a barriguinha cheia?... Não!
A “fome” de emoção na bola é tal (na nossa muitas vezes pobre realidade futebolística) que a definição de “Clássico” é cada vez mais alargada e, por isso, atribuída a mais jogos, mesmo que não tenham, à partida, “estatuto” de “Clássico”.
Esta semana, logo após o Benfica – Porto, ouvi que na segunda-feira Braga e Sporting jogavam mais um “Clássico”. É certo que arsenalistas e leões já andam pela primeira desde “sempre”, mas será que isso confere ao jogo o tal epíteto?
Isto acontece também (mais, ultimamente) com jogos em que intervenham clubes como Vitória de Setúbal, Belenenses, Vitória de Guimarães, Boavista (mesmo estando na segunda, pode jogar “Clássicos” na Taça), Académica,… ou até Barreirense ou Atlético. Por exemplo, chamar “Clássico” a um Guimarães – Setúbal (sem desprimor para qualquer um dos clubes), como ouvi na antevisão à partida inaugural da Liga, perece-me forçado e denota que se tenta mascarar a recorrente pobreza dos espectáculos com “rótulos” que induzam expectativa no público.
E quando “Clássico” não serve, há-de servir “Derby” (Paços de Ferreira – Trofense, “derby do Douro Litoral”… Enfim…), “Tira-Teimas” (na 2ª volta, o FCP – SLB vai acumular “Clássico” com “Tira-Teimas”, devido ao empate de há dias), ou outra qualquer expressão que faça com que o adepto já vá para o estádio com os nervos em franja. Depois não admira que haja diabos de barba a entrarem em campo para bater nos árbitros. Quando era miúdo, lembro-me disso no “derby” lá da minha zona, o Sourense – Norte e Soure (que, na altura, também era um “clássico” das Distritais). Era cá uma pilha de nervos!… e os bandeirinhas bem o sabiam.
Eu penso que não. Não podemos viver sem aquilo a que normalmente se chama de “Clássicos”.
Esta semana tivemos o primeiro… da Liga. Já tínhamos tido um na SuperTaça… e ainda outro na pré-época (no Torneio do Guadiana). Já estamos de barriga cheia quanto a “Clássicos”?... Não. Só à conta de Porto, Sporting e Benfica teremos mais dois na 1ª volta do campeonato, mais três na 2ª e mais um número indeterminado deles (pode ir de zero até… não faço ideia) se os grandes se encontrarem na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Isto, caso não se encontrem também – que raio… mais vale pensar logo em grande! – nas competições europeias.
Aí, já teremos a barriguinha cheia?... Não!
A “fome” de emoção na bola é tal (na nossa muitas vezes pobre realidade futebolística) que a definição de “Clássico” é cada vez mais alargada e, por isso, atribuída a mais jogos, mesmo que não tenham, à partida, “estatuto” de “Clássico”.
Esta semana, logo após o Benfica – Porto, ouvi que na segunda-feira Braga e Sporting jogavam mais um “Clássico”. É certo que arsenalistas e leões já andam pela primeira desde “sempre”, mas será que isso confere ao jogo o tal epíteto?
Isto acontece também (mais, ultimamente) com jogos em que intervenham clubes como Vitória de Setúbal, Belenenses, Vitória de Guimarães, Boavista (mesmo estando na segunda, pode jogar “Clássicos” na Taça), Académica,… ou até Barreirense ou Atlético. Por exemplo, chamar “Clássico” a um Guimarães – Setúbal (sem desprimor para qualquer um dos clubes), como ouvi na antevisão à partida inaugural da Liga, perece-me forçado e denota que se tenta mascarar a recorrente pobreza dos espectáculos com “rótulos” que induzam expectativa no público.
E quando “Clássico” não serve, há-de servir “Derby” (Paços de Ferreira – Trofense, “derby do Douro Litoral”… Enfim…), “Tira-Teimas” (na 2ª volta, o FCP – SLB vai acumular “Clássico” com “Tira-Teimas”, devido ao empate de há dias), ou outra qualquer expressão que faça com que o adepto já vá para o estádio com os nervos em franja. Depois não admira que haja diabos de barba a entrarem em campo para bater nos árbitros. Quando era miúdo, lembro-me disso no “derby” lá da minha zona, o Sourense – Norte e Soure (que, na altura, também era um “clássico” das Distritais). Era cá uma pilha de nervos!… e os bandeirinhas bem o sabiam.
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* Crónica publicada simultaneamente, a 5 de Setembro de 2008, no jornal
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