Confesso ter sempre alguma dificuldade (e pouco gosto, de resto) em abordar temas relacionados com aquilo a que se chama de "casos" no futebol português. Muito embora nutra algum apreço pessoal por coisas bizarras em geral, no caso particular das bizarrias que se passam ao abrigo do "desporto-rei", a coisa já não me dá grande gozo e acabo sempre por achar tudo muito parvo (peço desculpa pelo calão).
Depois de tudo o que já vimos e ouvimos ao longo dos anos, o que se passou há uma semana na sede da Federação Portuguesa de Futebol [FPF] deu para perceber que dificilmente existem limites para o absurdo a que se pode chegar no futebol nacional. Por um lado – convenhamos – até é estimulante e divertido saber que o bizarro não conhece fronteiras nem restrições. Por um lado – convenhamos – até é estimulante e divertido saber isso. Por outro, é difícil não temer o que significa a possibilidade de, por exemplo, serem tomadas decisões cruciais para o futuro do nosso futebol numa reunião em que os membros de um Conselho de Justiça [CJ] se tratam quase "à batatada" (de novo, peço desculpa…), se insultam e se tentam afastar mutuamente da reunião, não escondendo haver intenção de defender ou prejudicar deliberadamente os interesses dos clubes envolvidos no Apito Final. Dizer que isto é mau… é pouco. Para "ajudar" à festa, os juristas da nossa praça (e a praça deve ser grande – apareceram imensos a falar disto) também têm opiniões diametralmente contraditórias sobre todo o imbróglio que se criou com a lamentável reunião do CJ da FPF.
Feitas as contas, o (atrevo-me a dizer estranho) sorteio da 1ªLiga aconteceu com o Boavista (dado como despromovido pelas instancias desportivas) a surgir entre os "grandes" (com um asterisco por todos indesejado, que aqui significa muito mais que um sinal gráfico), a bandeira do Paços de Ferreira a ser roubada à porta da Alfândega do Porto por um tipo com um braço engessado (que, na hora, não pareceu nada diminuído fisicamente) e com a próxima época a poder começar tão ou mais atribulada quanto a de há dois anos, com o "Caso Mateus"… que ainda nem sequer está resolvido nos tribunais administrativos – o mesmo pode acontecer agora, caso (como se espera) Porto e Boavista recorram das decisões do CJ para a justiça civil, arrastando tudo no tempo. Demonstra-se uma vez mais que o "rei" (que tanta gente idolatra em Portugal) vai nu e sem vergonha da má imagem que isso traz a algo que não deveria ser mais que um simples desporto.
Vá… se calhar, não vai totalmente nu. Deve ir "vestido" com um asterisco ou algo do género.
= = = = = = = = = = = = = = = = = =
* Crónica publicada simultaneamente, a 11 de Julho de 2008, no jornal
Sem comentários:
Enviar um comentário