Antes do início do jogo e durante os quinze primeiros minutos da final do Euro2008, tinha pensado intitular este texto como "Um Vencedor à Antiga; Um Perdedor Clássico" mas com o decurso do encontro tive de mudar tudo.
Haverá sempre quem diga que esta final - como todas - ficou aquém das expectativas. Não há volta a dar a isso. Se se marcam poucos golos, é um mau jogo porque faltou o "sal e a pimenta" do futebol, se há muitos, é porque as defesas estiveram mal, se há muitas faltas, o jogo foi demasiado viril, se há poucas, eram todos uns "meninos" que não metiam o pé, se ganha quem mais defendeu, o vencedor não honrou a beleza do desporto-rei, se ganha quem mais atacou, a final terá sido um "passeio" do novo campeão sem grande oposição da equipa derrotada... e por aí além. Para mim, foi uma excelente final.
A Alemanha - estava-se mesmo a ver - jogou com as velhas armas alemãs: com frieza e calculismo, com a surpresa de se apresentar de início com a táctica invertida em relação aos jogos anteriores e até com o bluff de Ballack estar lesionado até à última hora (já tinha feito o mesmo com Podolski antes do jogo com Portugal - é uma estratégia já muitas vezes vista nos germânicos, agora recuperada, a fazer recordar bons momentos da história do futebol).
A Espanha viu-se, pela primeira vez nesses tais minutos iniciais do jogo, numa situação de não-controlo da posse de bola. Sofreu mas superou de forma fantástica esta contrariedade certamente inesperada, marcou e depois adaptou-se à resposta alemã, de grande qualidade. Dominou o resto do jogo e colheu os frutos disso.
Ou seja, na minha opinião, as duas equipas estiveram muito bem tacticamente e deram emoção a um jogo que nem sempre é bem jogado. Este - parece-me - foi.
A Espanha ganhou bem (as minhas origens germânicas lamentam um bocadinho esse facto mas o sangue latino, que gosta de espectáculo num jogo de bola, não ficou insatisfeito por aí além).Será um bocado aborrecido ter de "ouvir" os nuestros hermanos a dizer que têm de ser "sempre" eles a ganhar alguma coisa para a Península Ibérica mas, no caso deste Europeu, é merecido ouvi-lo, temos de reconhecer.
Parabéns aos novos Campeões da Europa e obrigado (aos espanhóis e a grande parte das equipas deste torneio) pelo excelente futebol que nos foi dado durante o mês de Junho. A competição foi de elevadíssimo nível desportivo e de baixíssimo nível organizativo. Por muito que um país organizador - e eram dois! - ache que bom, bom é não haver confusão, grande parte da magia do futebol é permitir que haja uma certa "confusão" - leia-se alegria - natural dos adeptos antes, durante e depois dos jogos, onde quer que eles se realizem; nisso o Euro 2004 foi tão espectacular que espero que se esqueça rapidamente que quatro anos depois, o campeonato se realizou na Áustria e, sobretudo, na Suíça.
PS: Ah! Outra nota - mázinha, eu sei - para o forte agradecimento que quero deixar à França por ter sido a segunda pior equipa da competição e à Grécia por ter conseguido fazer ainda pior e ter ficado (ao contrário de no '2004) no lugar que realmente merecia.